sexta-feira, 13 de junho de 2008

A bunda, que engraçada


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.


Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo.A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.


A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.


A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.


Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.


A bunda é a bunda
redunda.


(Carlos Drummond de Andrade)


Achei que faltava um toque de humor a este blog. Então, resolvi postar este bem-humorado poema.


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