sexta-feira, 23 de maio de 2008

Arquivo N - 1968 (comentário)


O programa Arquivo N, da Globo News, relata acontecimentos do ano de 1968. Jornalistas, escritores, sociólogos e líderes estudantis são entrevistados para falarem sobre o assunto e tudo de mais importante que aconteceu em 1968. Como os assassinatos de Martin Lutter King e Robert Kennedy (candidato do partido Democrata à presidência dos Estados Unidos), a Guerra do Vietnã, o movimento Hippie e os protestos de jovens estudantes de todo o mundo. Além de manifestações contra a guerra, os regimes ditatoriais e a divisão da Alemanha. Enfim, protestos contra qualquer tipo de repressão ou violência.

O escritor Mark Kurlansky, autor de "1968: O Ano que Abalou o Mundo" define, em entrevista ao Arquivo N, o ano como sendo uma peça de um grande dramaturgo, tantos foram os conflitos e manifestações que aconteceram em todo o mundo.
Inspirados em líderes revolucionários como Che Guevara (assassinado no ano anterior) e Fidel Castro, símbolos da revolução cubana, os movimentos a favor da paz e da democracia ganharam força. Frases como "não faça a guerra, faça amor!" serviram de slogan contra a ocupação estadunidense no Vietnã.

Hoje, quarenta anos depois, se compararmos os jovens daquela geração com os de agora, imediatamente percebe-se o caráter nostálgico das recentes manifestações quando relacionadas com as de 1968.

domingo, 18 de maio de 2008

Foco Narrativo - 3ª pessoa




BRINCADEIRA DE CRIANÇA MACHUCA

Ânjelo costumava ficar longe das outras pessoas. Ele gostava mesmo era de se sentar embaixo de uma árvore na hora em que o sol estivesse rachando o solo, de tão quente. De vez em quando, um bando de pombos nojentos ia se juntar a ele. Ânjelo odiava. Dizia todos os palavrões quando um daqueles miseráveis mirava e acertava, bem na sua cabeça, aquele cocô molhado que só as aves, os bebês e as pessoas com diarréia têm. Quando isso acontecia, ele adorava e se divertia muito ao jogar uma pedra na árvore, só para ver o bando se dispersar. Ânjelo considerava isso uma vingança contra o pombo. Isso o deixava feliz.

Novamente, ele estava lá, embaixo da mesma árvore, alvo dos mesmos pombos. Quatro meses depois que Ânjelo passou a odiar tanto a ave, ele completou nove anos. Foi numa quarta-feira, mas ele e sua família só iam ao parque nos domingos. Então, com nove anos e quatro dias de vida, Ânjelo estava prestes a cometer uma grande maldade. Os pombos fizeram o de sempre e, desta vez, ele não teve tanta piedade: jogou a pedra no bicho com intenção de acertar. Ânjelo tinha boa mira. Acertou na asa e o bicho não conseguiu mais voar. Um gato magro estava rasgando as sacolas de lixo do parque. Ânjelo apanhou a ave do chão, chegou perto do gato e jogou o pombo em cima das sacolas. O gato pulou com as duas patas sobre ele. Comeu a asa machucada primeiro. Ele não viu o gato terminar de comer. Saiu. Nunca mais beirou a árvore. Ficava quieto sempre que ia ao parque. Desde aquele dia, jamais viu o gato comer novamente.

Foco Narrativo - 1ª pessoa


BRINCADEIRA DE CRIANÇA MACHUCA

Eu estava longe do lugar onde as pessoas costumavam ficar. Gostava mesmo era de me sentar embaixo de uma árvore na hora em que o sol estivesse rachando o solo, de tão quente. De vez em quando, um bando de pombos nojentos vinha se juntar a mim. Eu odiava. Dizia todos os palavrões quando algum daqueles miseráveis mirava e acertava, bem na minha cabeça, aquele cocô molhado que só as aves, os bebês e as pessoas com diarréia têm. Quando isso acontecia, eu pegava uma pedra do chão e atirava para cima, só para ver o bando inteiro voando.

Novamente, eu estava lá, embaixo da mesma árvore, alvo dos mesmos pombos. Passaram-se quatro meses desde que eu passei a odiar tanto essa ave. Eu tinha acabado de completar nove anos na quarta-feira, mas minha família só ia ao parque nos domingos. Então, com nove anos e quatro dias de vida, eu estava prestes a cometer uma grande maldade. Os pombos fizeram o que sempre faziam comigo. Desta vez, não tive tanta piedade. Joguei a pedra no bicho com vontade de acertar. Minha mira era boa. Acertei a asa e o pombo não conseguiu mais voar. Vi, perto do lixo, um gato magro rasgando as sacolas. Peguei a ave no chão, cheguei perto do gato e joguei o pombo em cima dos sacos de lixo. O gato pulou com as duas patas sobre ele. Comeu a asa machucada primeiro. Não o vi terminar o serviço. Saí. Nunca mais beirei a árvore. Ficava quieto sempre que ia ao parque. Desde aquele dia, jamais vi o gato comer novamente.

domingo, 11 de maio de 2008

O que a falta de responsabilidade e ética provocam?


Responsabilidade e ética são duas virtudes indispensáveis para qualquer profissão. No campo jornalístico, elas vão além de respeitar as normas estabelecidas para cada função no ambiente de trabalho. A profissão de jornalista requer muita responsabilidade sempre que se for publicar uma matéria. A não-apuração dos fatos e a publicação de qualquer notícia que não seja verdadeira causam muita repercussão, pois influenciam diretamente o comportamento das pessoas.

A falta de responsabilidade jornalística pode provocar um comportamento inesperado por parte dos leitores/espectadores e gerar pânico, comoção, medo. Foi o que aconteceu com Orson Welles, quando apresentava o seu programa de rádio nos Estados Unidos. Era dia das bruxas, o programa dele começou com um noticiário de vários acontecimentos estranhos. Ele forjou entrevistas com especialistas e coberturas ao vivo até que finalmente revelou que se tratava de uma invasão marciana. A população estadunidense se desesperou e, dos mais de 1,2 milhão de ouvintes, 500 mil tomaram alguma medida de proteção que ia desde o reforço na segurança da casa ao abandono do próprio lar para um lugar mais seguro. Welles provocou um rebuliço nos Estados Unidos que inspirou outras pessoas pelo mundo. Aconteceu um episódio semelhante em São Luís do Maranhão, no período da ditadura militar, que causou pânico em boa parte dos moradores, inclusive na polícia, que até fechou o rádio. Aquela foi uma atitude irresponsável de Welles, que não deve ser repetida por jornalistas porque causa um impacto negativo nas pessoas.

Stephen Glass representa a falta de ética jornalística a partir do momento em que inventou sua primeira matéria para The New Republic, uma respeitada revista dos Estados Unidos. Glass escrevia com humor as suas "notícias", que eram muito interessantes e agradavam aos leitores com o jeito divertido que eram contadas. Glass entrou em decadência a partir da publicação da reportagem "O paraíso dos hackers", que contava como um garoto de 13 anos conseguiu burlar o sistema de segurança de uma grande empresa de softwares. Questionado pelo chefe por não ter dado cobertura àquela notícia, um repórter da Forbes Digital decide investigar as fontes da reportagem quando descobre que todas as informações haviam sido inventadas. Glass acabou demitido da revista e começou uma nova carreira como escritor.

Tanto a falta de ética de Glass quanto a falta de responsabilidade de Welles são exemplos a serem evitados por qualquer jornalista. As conseqüências que a falta de uma dessas (ou das duas) pode ocasionar faz do jornalista um instrumento perigoso capaz de mentir, de omitir e de manipular as notícias por interesse próprio.

Resenha de "O preço de uma verdade"


O filme “O preço de uma verdade” conta a história de um jovem jornalista que, em pouco tempo, conseguiu o reconhecimento das principais revistas dos Estados Unidos. A história de Stephen Glass é baseada em fatos reais e trata dos princípios da ética jornalística.
Glass escrevia para a revista The New Republic. Suas matérias eram, quase sempre, parcial ou totalmente inventadas por ele. Glass agradava os leitores com o seu jeito bem-humorado e notícias interessantes.

A carreira de Glass como jornalista começa a ser ameaçada a partir da publicação da reportagem de um garoto de 13 anos de idade que foi capaz de burlar e invadir os sistemas de informações de uma grande empresa de software. O garoto foi contratado pela companhia após fazer uma série de exigências fúteis, entre elas a assinatura da revista Playboy. A reportagem sobre o garoto gênio, intitulada “O paraíso dos hackers” foi a última de Glass. O The New Republic foi investigado por um repórter da Forbes Digital que descobriu que a empresa, o hacker, os pais e o agente do garoto, além da conferência de hackers que Glass se referia na reportagem, não existiam.

Quando o editor Chuck Lane decide investigar as fontes, Glass inventa mentira sobre mentira tentando se justificar. Comprovada a fraude, a punição de Glass passa de uma suspensão de dois anos para a demissão.

“O preço de uma verdade” prova que a falta de ética de um jornalista pode acabar com uma carreira. E foi o que aconteceu com Stephen Glass. Depois de demitido, tornou-se escritor e pôde, finalmente, contar as suas histórias.