A invasão da UnB foi um dos últimos grandes acontecimentos que antecederam a decretação do AI-5. As tropas militares invadiram a universidade com a justificativa de prender líderes estudantis. Foi com muita violência que os professores e estudantes foram presos. Era final de agosto (dia 29), e o pior ainda estava por vir.
Idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, reitor até 1964, quando foi destituído do cargo após a primeira invasão, a UnB iniciou seu primeiro ano letivo em 9 de abril de 1962. Até então tinha apenas quatro cursos de graduação: Administração e Economia, Letras Brasileiras, Direito e Arquitetura e Urbanismo.
Com o início da ditadura militar, muitos professores abandonaram a universidade. A perseguição contra a intelectualidade ia se intensificando conforme os anos de ditadura iam se passando. E, em 1968, atingiu o ponto máximo.
A invasão de 1968 foi a terceira de uma série. A primeira ocorreu em 1964, quando a universidade passou a ser tratada como foco subversivo, sendo invadida por tropas da PM de Minas Gerais, no dia 9 de abril. Também, naquela ocasião, foram presos muitos alunos e professores.
Para controlar o rebelde movimento estudantil, os policiais se infiltravam entre os estudantes. Um deles, chamado Edrovaldo Guitiérres, foi descoberto e detido pelos estudantes que pretendiam trocá-lo por companheiros que estavam presos.
As polícias do exército, militar, civil e o DOPS agiram em uma operação conjunta, alegando o cumprimento de mandados de prisão de alunos. A UnB foi invadida violentamente. Muitos alunos foram presos e submetidos a violências e humilhações.
As autoridades policiais não conseguiram justificar os motivos da invasão, o que causou grande repercussão na imprensa e no Congresso Nacional. Muitos parlamentares condenavam a ação da polícia. O deputado Márcio Moreira Alves, em discurso, pedia ao povo que não comparecesse às comemorações de 7 de setembro, Dia da Independência, pois não considerava independente o povo brasileiro. O governo tentou processá-lo por esse discurso.
A invasão da Universidade de Brasília contribuiu para a decretação do AI-5 e do Ato Complementar Nº38, que determinava o fechamento do Congresso Nacional. A decisão foi transmitida para todo o país pelo ministro da Justiça, Gama e Silva. O novo ato garantia poderes plenos ao governo militar.
Durante o AI-5, o país viveu a fase de perseguição mais intensa. Se, antes do ato, os intelectuais brasileiros fugiam para escapar da ditadura, após o AI-5, a intelectualidade começou a desaparecer do país, exilando-se em diversas partes do mundo.
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